segunda-feira, 21 de junho de 2021

a cobra e eu

Eu tinha muito medo das cobras

Analisando bem percebi um dia quando começou esse medo.

Eu era criança, uns 6 anos talvez se tanto, e o meu padrinho, irmão do meu pai, apanhou uma no nosso quintal (no tempo em que havia cobras no quintal, pois por ignorância as pessoas matavam a melhor aliada contra os ratos!).

Para me assustar pegou nessa numa enxada e correu com ela atrás de mim...

Lembro-me de correr o mais que pude, entrar em casa e esconder-me debaixo da cama (inocente mesmo...)

Ficou o medo e pavor das cobras... já a minha mãe se via uma cortava-a logo ao meio...kkkk - eu nunca matei uma, sequer!

O medo era tão grande - de cobras e sardiniscas ou sardões, que eu logo que via uma fugia a sete pés.

Ora este medo irracional um dia, anos depois, quase me tirou a vida, pois, caminhando pela linha da CP - no tempo em que era possível fazê-lo e nós miudos todos íamos para casa pela linha (as vezes fazendo equilibrismo nos carris!), na companhia da amiga Lola que tinha tanto medo como eu, vimos uma cobra e um sardão no passadiço aonde nós tinhamos de caminhar...estavam mortos, mas tinham sido deixados tão bem expostos que pareciam vivos...

Aos gritos ela lá passou, eu atravessei a linha a correr - segundos depois passou o comboio rápido...Que duplo susto!!!

O medo lá continuou por muitos anos...

Em Vila Praia de Ancora, nos anos 86 , 7 ou 8, um dia a lavar por detrás do lavatório, de pé alto, lá estava uma viva... fugi aos gritos, horrorizada, para o pátio da casa... toda a gente ficou admirada comigo - eu até era bem corajosa... ninguém sabia daquela fobia...

Outra vez no Douro - vou abster-me de dizer o sítio - concelho de S.J.Pesqueira, a minha filha mais velha matou uma, para eu perceber como ela era valente - eu cheia de medo da cobra...

Até que fui morar para Provesende...

Um dia na viela das Pereiras, estreita e sinuosa lá estava uma cobra, também morta, que me fez correr até casa, aonde cheguei ofegante... meu marido gozou bem comigo... e tinha razão...

Ainda vi mais umas poucas... até na escola da minha filha nascer uma ninhada delas... Horror!...

No entanto, aos poucos o medo de cruzar com elas foi desandando - não que eu fosse ou seja capaz de tocar numa ...porque no Pinhão, no circo, a mulher das cobras, com giboia ao pescoço parecia perceber do meu medo e veio para perto da mim para eu tocar na cobra...Abre...aquilo é que foi correr!

Um dia, venho para casa, de automóvel e perto da escola rastejava a cobra, aí com uns 2 metros, para o silvado... e não é que parei para ela passar?! Ainda repeti a dose na estrada Provesende - Sabrosa e um dia, já em Gondomar, com uma vizinha, parando para a cobra passar...

Ela perguntou - travaste para não matar a cobra?! Sim, disse eu...Eu passava por cima, disse ela...ao que respondi - pois mas ela come ratos e não me fez mal nenhum...

Se eu gosto agora das cobras? Não - apenas respeito a vida delas e a utilidade e seu ciclo na natureza...

Já não me metem medo, mexer numa está fora de causa...

Esta foi uma das fobias que perdi em Provesende...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Singelezas da vida  Não sei que me fizeste que encantamento me deste Apenas sei de uma noite fria de Janeiro e um arrepio de corpo inteiro! ...