segunda-feira, 21 de junho de 2021

 a trovoada e eu...


Quando eu tinha uns 4 anos caiu um raio na casa dos meus pais, desceu pela chaminé, rasgou um rasto até à despensa, que era ao lado da cozinha e desapareceu. Por onde passou partiu o chão e paredes...

Não me lembro em que mês foi, mas sei que a minha mãe estava no quintal a apanhar feijão verde.

Eu estava no meio da cozinha, que era muito modesta, nem sequer havia água canalizada, no meio do chão, em cima de uma manta de trapos a brincar com botões - eu sempre fui fácil de entreter e como não havia mais crianças brincava sozinha.

O susto foi enorme, eu fiquei com as costas castanhas (não sei se foi queimadas ou porquê aconteceu...) e a gritar...Foi uma aflição terrivel e a minha mãe levou-me a correr para o médico. Veio muita gente ver o que se tinha passado - alguns pensaram que eu tinha morrido! O meu paia quando soube ainda praguejou - nunca vi pessoa que tanto amaldiçoasse e praguejasse...

Deixei de andar uns dias - não sei se pelo choque, pela queimadura ou pelo susto.

A partir daí e por muitos anos eu tinha horror, pavor às trovoadas - se estivesse só, gritava a plenos pulmões ou encondia-me debaixo dos cobertores na cama...

O tempo foi passando, casei e fui morar para perto de uma cabine de alta tensão.

Um dia, gravida da minha filha mais velha, em julho, um raio foi atraído para essa cabine - quando isso acontece Cacia fica sem eletricidade e é um susto valente pois parece que as casas vão desmoronar com o estrondo que faz...

Medo, medo, medo...

Mais tarde, já divorciada fui para V.N.Gaia também para um andar com cabine e pára raios em frente...Mais medo!!!

Depois fui, anos mais tarde, para Provesende... aí as trovoadas eram enormes, e cruzadas... várias aos mesmo tempo! Mais um susto com um raio a cair na cabine do café em que estávamos...com certeza nesse dia algo estourou o meu medo...

As trovoadas continuam e eu agora aprecio a beleza dos raios...


Lá se foi mais um dos meus medos - continuo a pensar que em Provesende libertei 3 grandes medos - cobras, trovoadas e de morrer afogada (foi lá que aprendi a nadar..) 


E GANHEI VERDADEIRA FÉ EM DEUS!

ISSO SIM VEIO A MUDAR VERDADEIRAMENTE A MINHA VIDA

ESTOU VERDADEIRAMENTE GRATA PELO TEMPO QUE POR LÁ PASSEI

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